A Intralogística no Lean Manufacturing

INTRALOGÍSTICA, também conhecida como Logística Interna, contempla as movimentações dos materiais dentro dos domínios de uma empresa, ou seja, a movimentação dos produtos e das embalagens desde seu recebimento, dentro do armazém ou fábrica, entre unidades fabris e centros de distribuição envolvidos na logística interna da empresa.

Os vários departamentos das organizações compõem um grupo de atividades relacionadas às movimentações dos materiais e até mesmo das informações. Entre os mais diretamente envolvidos destacamos o Departamento de Compras, que em resumo, tem como principais atribuições, adquirir os produtos com a quantidade necessária, com menores custos, nos prazos requeridos e qualidade conforme especificadas e, entre outras tarefas, atuar também no desenvolvimento de novos produtos e novos fornecedores. O PCPM, que através das informações recebidas das Áreas Comerciais, desenvolve o planejamento da programação da fabricação, da aquisição das matérias primas e componentes comprados ou produzidos internamente e responde diretamente pelo inventário dos materiais e embalagens. É dentro das empresas que os materiais e embalagens são movimentados e armazenados. Estas atividades devem ser conduzidas como se fossem o fluxo dos “nutrientes” para os processos produtivos até a expedição. Dependendo do tipo de atividade das empresas, vários processos internos são executados, porém o que não pode faltar é o produto necessário no momento correto para sua utilização.

O Armazenamento

Desde armazéns mais automatizados e sofisticados aos mais simples, existem várias alternativas para se realizar os processos de armazenamento e de movimentação, existindo excelentes oportunidades na utilização de sistemas de automação tanto dos armazéns quanto nas movimentações internas. Isto é muito importante para o Sistema de Manufatura 4.0, principalmente com a entrada do 5G.

Estas devem ser aplicadas a cada tipo de atividade e estrutura empresarial. Este assunto é muito empolgante e merece outro artigo, portanto, vamos nos ater aos mais simples. Dessa forma nas situações já existentes, mais simples e tradicionais, antes da tomada de decisão sobre as necessidades das melhorias e dos recursos necessários, devemos inicialmente desenvolver o Fluxograma das Atividades e posteriormente e, com maiores detalhes o Mapeamento do Fluxo dos Materiais, das Embalagens, das Pessoas e das Informações, assim, poderemos nos assegurar das informações necessárias para desenvolver o sistema e os recursos mais adequados à cada situação.

Intralogística no Lean Manufacturing

No Lean Manufacturing utiliza-se os conceitos do Just In Time, ou seja, a peça certa, na hora certa, na quantidade certa. Veja nosso artigo #O Just In Time como redução dos Custos, onde o conceito básico é o de se evitar nas linhas de produção quantidades de materiais maiores do que as necessárias. A sistemática é simples, mas requer disciplina. O abastecimento é realizado por uma atividade chamada de Abastecedor de Produção, que entre várias responsabilidades, tem a de suprir o processo produtivo com os materiais necessários. No Sistema Lean esta atividade que também é conhecida como Homem Aranha, que no Japão é chamado de Mizusumashi, cuja tradução livre é “ARANHA D’ÁGUA”.

O Abastecedor de Produção (MIZUSUMASHI)

Para que os profissionais da fabricação fiquem dedicados às suas atividades principais, que é a de produzir, se torna necessário que seus postos de trabalhos sejam abastecidos com as peças, subconjuntos, dispositivos etc. conforme forem sendo necessários e na sequência correta, eliminando dentre as tarefas dos operadores a da busca dos materiais. O Abastecedor, além das atividades de suprir os processos produtivos, deve ter perfeito conhecimento dos trabalhos realizados na produção, para poder, em caso de necessidade, substituir por pouco tempo, qualquer operador, no mesmo ritmo e qualidade, como também auxiliar nos setups e preparação de subconjuntos. Deve ter a habilidade de poder auxiliar no planejamento da produção com base na disponibilidade dos materiais, portanto, deve ser um profissional altamente qualificado. É uma atividade necessária para o Sistema Heijunka. Suas tarefas requerem trabalhos padronizados com auxílio dos meios de transporte adequados a cada caso e com forte foco na segurança e ergonomia.

O objetivo é de também disponibilizar, próximo aos operadores, os materiais necessários para suas atividades e com reposição constante conforme necessidade. Para o sucesso destas atividades, o Abastecedor obtém os materiais no Almoxarifado e os transporta para junto dos pontos de consumo, ou diretamente nos postos de trabalhos. Ele segue a programação do PCPM e utiliza o Kanban para a definição da movimentação dos materiais, que conforme o caso, são depositados em prateleiras apropriadas próximas aos pontos de consumo. Estas prateleiras são chamadas de Supermercados de Produção e armazenam as quantidades necessárias para evitar falta dos materiais nas linhas de Montagens ou Células de Manufatura. Os Supermercados são alimentados pelo lado de traz e as peças retiradas pelo lado frontal. São dispostos conforme as necessidades de utilização. Não se deve abastecer com mais produtos do que o necessário por algumas horas e devem ser reabastecidos conforme necessário (Kanban e JIT). É comum se considerara os produtos como “perecíveis”, para se evitar os excessos.

A figura abaixo mostra uma célula de manufatura sendo abastecida com auxílio do Abastecedor que retira os materiais do Supermercado, pela parte frontal, e os transporta para os postos de trabalhos, este Supermercado é abastecido pelo Abastecedor Externo com novas peças e embalagens pela parte traseira, e que possibilita a remoção das embalagens vazias para serem enviadas para local específico. A utilização do sistema Kanban é muito importante para se ter controle sobre o fluxo dos materiais e embalagens. A existência do sistema com Andon nos postos de trabalhos para sinalizarem as anormalidades é fundamental para a comunicação entre as pessoas.

Na sequência da próxima figura, mostramos a sistemática de movimentação dos materiais e das informações desde o recebimento do pedido do Cliente, passando pelas várias atividades de PCPM e da movimentação interna dos materiais nos almoxarifados e em produção, em um processo de montagem sincronizado com as atividades das células da produção, linhas da fabricação, de usinagem, submontagem e com os trabalhos do Abastecedor de Produção.

Produtos Maiores e mais Pesados

Para as empresas mais relacionadas ao sistema de armazenamento e distribuição, a sistemática dos trabalhos de movimentação deve ser compatível com as necessidades de cada situação. Para as que trabalham com materiais mais pesados e de grandes dimensões, haverá a necessidade da utilização de Pontes Rolantes e de Empilhadeiras de maior capacidade, mesmo assim, os princípios de análise da situação são os mesmos de uma manufatura discreta com vários processos de movimentação dos materiais. Para se identificar as melhores alternativas de melhorias devemos seguir o que foi mostrado anteriormente, ou seja, realizar o Fluxograma das atividades e posteriormente o Mapeamento dos Processos, dessa forma iremos identificar as melhores oportunidades de melhorias.

Os processos devem ser controlados com apoio dos sistemas de Gerenciamento Visual como na utilização dos Kanbans e dos Andons. Para os equipamentos de transporte, incluído as Pontes Rolantes, Empilhadeiras, Paleteiras e os de manufatura, de barras de aço, calandras, tubos de aço etc. devem ser aplicados o TPM e OEE para melhor controle da eficácia de todo processo.

Engenheiro Mecânico de Produção (FEI) pós-graduado pela FGV. Especialista em LEAN MANUFACTURING, com aperfeiçoamentos adquiridos nos Estados Unidos com a Shin-Gijutsu e TBM Consulting Group. Conduziu vários trabalhos de Lean Manufacturing em países da América do Norte e América Latina. Trabalhou como executivo na Chrysler do Brasil, VWCaminhões, Black&Decker, Grupo Ultra, IOSHPE- Maxion e TBM América Latina como consultor e Managing Director. Fundador e Diretor da Máxima Produtivismo e Diretor da Divisão de Logística e Transportes do Departamento de Infraestrutura da FIESP. Foi considerado Importante Autoridade Mundial e Lean Manufacturing no México.