Flexibilização do Trabalho

Durante toda minha vida profissional ouvi reclamações dos dois lados, empresários pleiteando por mais flexibilidade de ação, mais liberdade para poder gerenciar seus negócios e funcionários reivindicando por qualidade de vida, por mais tempo com a família. Isso só a ponta do iceberg, no fundo ambos ansiando por flexibilização das leis trabalhistas, cada um sob seu ponto de vista.

Com o advento de novas tecnologias, mudança nas formas de trabalho, transformações cada vez mais rápidas, dificuldade de deslocamento (muitas vezes mais de 8 horas por semana só para ir e voltar ao trabalho), não podemos mais continuar alicerçados em velhas regras e padrões, a flexibilização do trabalho se torna cada vez mais urgente. 

A reforma trabalhista trouxe uma luz sob muitos aspectos, entre eles a flexibilidade de negociação, o contrato de trabalho intermitente, a terceirização de atividade fim, o parcelamento de férias, o trabalho remoto, o horário flexível, enfim flexibilização do trabalho com vantagens para os dois lados, mas com lição de casa para os dois lados também.

As empresas precisam criar as condições certas para tornar a flexibilização do trabalho um sucesso

Unilateralidade é coisa do passado, nem somente um lado, nem somente o outro, se os seus gestores e seus funcionários tem essa cultura é hora de começar a mudar e repensar para só então pensar em flexibilização do trabalho.

Uma estratégia de Recursos Humanos adequada, que contemple as necessidades da empresa, mas que também olhe com carinho para as necessidades dos funcionários só trará benefícios, maior retenção, motivação e produtividade, redução de absenteísmo e de horas extras. 

Para começar é muito importante que os gestores de sua empresa estejam preparados, treinados e, conscientes do seu papel para o sucesso da flexibilização do trabalho. Eles devem ser os incentivadores dos novos padrões, pois se eles não forem o exemplo nada acontecerá.

A flexibilização do trabalho pede mudança de mentalidade, revisão de crenças e conceitos.

Como já dito, a flexibilização do trabalho traz vantagens para os dois lados, porém tem que haver respeito em relação a isso. O horário flexível, o trabalho remoto, o home office, o casual day ou o casual every day,  são as maiores conquistas para os funcionários. Poder adaptar o horário de trabalho ao horário escolar, aos cuidados com os filhos, trabalhar de casa, não passar horas no trânsito, vestir aquilo que faz se sentir bem, enfim poder ajustar o trabalho a outros interesses e responsabilidades, equilibrar a vida pessoal e profissional, é desejo de quase todo mundo. E traz aumento da responsabilidade, disciplina, ética, foco, afinal não é casa de ninguém, há uma empresa com regras esperando resultados por trás de tudo isso. 

Essas conquistas, da mesma forma, se refletem de forma muito positiva no ambiente de trabalho, mais motivação, locais de trabalho mais amigáveis e justos, e novamente mais produtividade.

Em resumo, para haver flexibilização do trabalho tem que haver flexibilidade também nas pessoas, aceitar que pode ser feito diferente, olhar com novos olhos, rever conceitos, quebrar paradigmas. 

Não se prenda apenas na CLT, pense fora do quadrado, crie novas formas de flexibilização do trabalho e atraia os melhores talentos para sua empresa.

Sócia Diretora da Vértico Gestão Empresarial, executiva e consultora de RH, coach, psicóloga (Metodista), pós-graduada em gestão estratégica de negócios (FGV), gestão da qualidade total (FGV) e administração de recursos humanos (São Marcos). Especializações em liderança no Japão e em condução de grupos. Certificação internacional em extended DISC. Experiência nacional e internacional em projetos de RH. Atuação no RH e como executiva em empresas como C&A, Heublein, Sadia, Giesecke e Drevient (G&D) e Mercedes-Benz. Apaixonada por gente.