Abastecimento de Produção pelo Sistema Lean

Nos processos de Manufatura Discreta, que é aquela onde os produtos (ou serviços) podem ser contados visualmente, temos pelo menos três tipos de processos de produção:

  • Em Células de Manufatura (Células de trabalho);
  • Linhas de Montagens;
  • Postos de Trabalhos Individuais.

Em todos os casos, para maior aproveitamento das atividades dos profissionais em seus postos de trabalho é necessário que as peças sejam entregues nos locais das atividades, para evitar deslocamentos destes profissionais aos almoxarifados em busca de peças ou componentes para a execução das suas atividades, ou seja, os profissionais devem ficar restritos às suas áreas de trabalho conforme os processos definidos e respeitando as “paradas” necessárias e as   obrigatórias.

O Abastecimento de Produção (Mizusumashi)

Para que os profissionais da fabricação fiquem dedicados às suas atividades principais, se torna necessário que seus postos de trabalhos sejam abastecidos com as peças, subconjuntos, materiais, dispositivos etc. Eliminando dentre as tarefas dos operadores a da busca dos materiais.

Quem deve prover o abastecimento é o ABASTECEDOR DE PRODUÇÃO, que na língua japonesa é chamado de MIZUSUMASHI, cuja tradução é “ARANHA D’ÁGUA”, que se decidiu chamar o “HOMEM ARANHA” ou simplesmente ABASTECEDOR.

Este Abastecedor, além das atividades de suprir os processos produtivos, deve ter perfeito conhecimento dos trabalhos realizados na produção, para poder, em caso de necessidade, substituir por pouco tempo, qualquer operador, no mesmo ritmo e qualidade, como também auxiliar nos setups e preparação de subconjuntos. Deve ter a habilidade de poder auxiliar no planejamento da produção com base na disponibilidade dos materiais, portanto, deve ser um profissional altamente qualificado.

O Abastecedor obtém os materiais no SUPERMERDADO DE PRODUÇÃO e os conduz às áreas produtivas em trabalhos padronizados, conforme necessário, seguindo os conceitos de segurança e ergonomia nas movimentações desses materiais.

O Supermercado de Produção

É um local (prateleira) para armazenar, temporariamente, peças, componentes ou subconjuntos que serão utilizados na produção, em uma Célula ou Linha e estar localizados próximos ao ponto de consumo sem prejudicar o trabalho dos operadores e ter altura que não interfira no visual da área.

Os materiais devem estar sempre identificados, endereçados e dispostos em ordem de utilização, disponíveis sempre num só local.

As peças ou caixas (contentores) devem ser carregadas frequentemente por trás da prateleira e retiradas pela frente, utilizando sistema FIFO e serem armazenadas conforme os produtos onde serão utilizados e não por tipo ou categoria (Retentores, Parafusos etc.). Por exemplo se um componente é utilizado na Montagem da Linhas A e este mesmo componente for utilizado na Montagem da Linha B, este deve ser armazenado juntamente com os componentes da Linha B.

Sempre que possível os componentes devem ser acondicionados em pequenos contentores permitindo sua disposição no fluxo por transporte dinâmico, através de pequenos trens de transporte de materiais.

Um pouco do Histórico sobre Supermercado de Produção

Há um equívoco generalizado sobre a analogia do supermercado com o abastecimento da materiais. A terminologia se baseou nos conceitos dos supermercados no passado (anos 50) nos Estados Unidos, quando eram pequenos e localizados próximos aos clientes. Os clientes podiam fazer suas compras diariamente para o que necessitavam para o preparar o jantar.

Os produtos eram frescos e na quantidade que queriam, não se pensava naquela época comprar comida para a próxima semana ou mês, pois alegavam que não poderiam saber o que iriam comer na semana seguinte e muito menos no próximo mês. Logicamente os supermercados atuais são muito maiores e não tão próximos dos clientes.

Taiichi Ono (Toyota) se baseou nos conceitos daquela época e desenvolveu o Supermercado de Produção para reduzir a quantidade de peças e componentes próximo aos pontos de consumo e, evitando excessos de estoques ao longo da produção.

Desta forma o máximo de estoques que deve existir no supermercado de produção é o que será utilizado a curto prazo e reposto conforme necessidade. OS MATERIAS NOS SUPERMERCADOS DE PRODUÇÃO DEVEM SER CONSIDERADOS COMO PERECÍVEIS E REPOSTOS FREQUENTEMENTE. Já dentro dos conceitos Just In Time.

Engenheiro Mecânico de Produção (FEI) pós-graduado pela FGV. Especialista em LEAN MANUFACTURING, com aperfeiçoamentos adquiridos nos Estados Unidos com a Shin-Gijutsu e TBM Consulting Group. Conduziu vários trabalhos de Lean Manufacturing em países da América do Norte e América Latina. Trabalhou como executivo na Chrysler do Brasil, VWCaminhões, Black&Decker, Grupo Ultra, IOSHPE- Maxion e TBM América Latina como consultor e Managing Director. Fundador e Diretor da Máxima Produtivismo e Diretor da Divisão de Logística e Transportes do Departamento de Infraestrutura da FIESP. Foi considerado Importante Autoridade Mundial e Lean Manufacturing no México.