PCPM na Gestão de Fornecedores

Muito se tem falado sobre as dificuldades de se fazer gestão nos fornecedores.

Realmente existem algumas dificuldades mesmo, mas temos que desenvolver uma sistemática diferente para minimizar os problemas de abastecimentos e da gestão dos estoques.

Os abastecimentos, preferivelmente, devem ser feitos dentro dos conceitos do Just In Time (JIT), porém, as grandes preocupações convergem para as garantias dos abastecimentos, no momento agendado, com a quantidade correta, nas embalagens adequadas e com a qualidade conforme especificado.

Este conceito é fundamental para qualquer tipo de sistema de manufatura utilizado e principalmente quando se utiliza o Sistema de Manufatura 4.0.

É sempre necessário informar antecipadamente aos fornecedores as quantidades aproximadas de consumo mensal e informá-los sobre possíveis alterações de quantidades, lotes e datas, pois eles também necessitam das informações para poderem se programar internamente.

Veja nosso artigo Posicionamento Estratégico do PCPM no Sistema Lean

Temos que considerar sempre a capacidade e continuidade de fornecimento dos nossos fornecedores com a qualidade exigida.

Existem vários sistemas de “Chamada dos Materiais” dos fornecedores e vamos destacar os mais comuns.

Sistema de Chamadas Tipo MRP com Release

Através do Sistema MRP (Release), que é o mais tradicional, onde informamos com determinada frequência as nossas necessidades aos fornecedores e enviamos um “programa” de entregas, com estimativas de 30, 60 e 90 dias de consumo. Os fornecedores realizam as entregas conforme solicitado.

Vamos recebendo os materiais conforme programado e armazenando em nossos almoxarifados para utilização de acordo com nossas necessidades. Os fornecedores entregam conforme o Release e, se houver consumo diferentes do que o previsto, pode haver falta ou excesso de materiais. Na figura vejam os itens A e B, em uma “caixa d’água, oitem A fica em excesso, gerando desperdícios. (transbordo da água).

Sistema de Chamadas de Materiais com KANBAN

É sempre necessário informar antecipadamente aos fornecedores as quantidades dos produtos a serem entregues com pequenas variações. O sistema pode ser perfeiçoado com a introdução de KANBAN, que é aplicado com auxílio de “CARTÕES KANBAN”, ou através de Embalagens Vazias (devolvidas após utilização) ou Sistema Eletrônicos.

Os fornecedores somente realizam as entregas quando recebem um aviso (autorização de entrega) tipo Kanban, isto facilita os controles dos estoques internos evitando possíveis faltas ou excesso de materiais. É importante saber dimensionar corretamente os KANBAN de fornecimento.

Nas figuras podemos ver que quando não há consumo, a “boia” não abaixa e o fornecedor não recebe autorização de entrega via KANBAN, porém quando a” boia” abaixa, há uma autorização de entrega via KANBAN. Vejam o item B nas figuras.

O Sistema Kanban, quando utilizado com fornecedores, deve também considerar o meio de transporte a ser utilizado e a “carga” desse transporte, para, como por exemplo, evitar o transporte com veículo com capacidade muito superior ao que será transportado. Temos que considerar a melhor ocupação dos espaços nesses veículos. Um cálculo de Kanban bem desenvolvido, considera esta possibilidade.  Tem que haver foco nos custos dos transportes também.

Veja nosso artigo O Abastecimento de Produção pelo Sistema Lean

Sistemas de Chamada de Materiais com JIT

Um Sistema de Chamada de Materiais muito utilizado no setor automotivo é o Sistema de Entregas com JIT Sequenciado, onde se aplica os conceitos do JIT, KANBAN e Planejamento de Produção conforme demanda.  Utiliza como base o consumo efetivo da produção para a reposição dos estoques. Veja a figura abaixo.

SR é Fornecimento conforme RELEASE, SKB é Fornecimento conforme KANBAN, SJITS é Fornecimento conforme sequência JIT, SPSé Fornecimento conforme Informe de Pré-sequenciamento.

Veja nosso artigo Redução dos Custos com JIT

Sistema de Chamadas de Materiais com Sistema de Entrega Sequenciados

Também utilizado no setor automotivo, principalmente para componentes de grandes volumes e peso, como por exemplo, motores, transmissões, eixos, conjunto de roda-pneu, bancos etc.

O objetivo é de melhor utilização dos espaços nas áreas de produção.

O exemplo a seguir simula uma linha de montagem de uma fábrica de automóveis no posto de montagem dos bancos dos carros. Os bancos a serem transportados, ocupam um grande volume e, se multiplicados pela quantidade de veículos a serem produzidos, a área a ser ocupada será excessivamente grande, portanto, uma pequena quantidade deve ser transportada para a área de montagem. Para, mesmo assim, se evitar excesso de materiais e consequentemente excesso de área ocupada, bem como evitar desabastecimento de produtos, utiliza-se o SISTEMA DE ENTREGAS SEQUENCIADOS.

Sabemos que após a área de pintura, os veículos entram em série sequencial na montagem (via transportador) e não há possibilidades de se fazer alterações de sequência (transportador). Podemos informar ao fornecedor dos bancos a sequência de montagem com os tipos de veículos, portanto o tipo de bancos que serão utilizados, o fornecedor envia na sequência correta os conjuntos de bancos necessários, reduzindo a necessidade de espaços. Atualmente, em alguns casos, os fornecedores entregam os produtos diretamente nos postos de montagem.

 O fornecedor é informado da sequência de montagem e realiza a entrega dos bancos diretamente no posto de montagem. As embalagens de transporte utilizadas são enviadas vazias ao fornecedor pelo mesmo caminhão que trouxe a carga, redução dos custos.

Engenheiro Mecânico de Produção (FEI) pós-graduado pela FGV. Especialista em LEAN MANUFACTURING, com aperfeiçoamentos adquiridos nos Estados Unidos com a Shin-Gijutsu e TBM Consulting Group. Conduziu vários trabalhos de Lean Manufacturing em países da América do Norte e América Latina. Trabalhou como executivo na Chrysler do Brasil, VWCaminhões, Black&Decker, Grupo Ultra, IOSHPE- Maxion e TBM América Latina como consultor e Managing Director. Fundador e Diretor da Máxima Produtivismo e Diretor da Divisão de Logística e Transportes do Departamento de Infraestrutura da FIESP. Foi considerado Importante Autoridade Mundial e Lean Manufacturing no México.